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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pobres das Expectativas.

Oi minha genteinnnmmm...desculpem-me pela sumida básica de vários dias mas muuuuitas coisas aconteceram e muitos sentimentos e sensações rondaram essa pequena e iniciante blogger desde o último post.
Então, começando pelas coisas ultra-mega-power ótimamente-maravilhosas: meu marido chegou para passar uns dias comigo. Ele vem se esforçando muito para estar aqui ao meu lado também fisicamente nesse meu processo de tratamento médico e, ahhh como ele é bom em me dar colo e aguentar minhas tolices e meus "xororôs".  É sempre consolador e renovador de energias o meu João estar aqui!!! Uma das forças mais fortes que me fazem não cair na inércia da dor e do sofrimento é manter o foco no "nós" que eu tenho com ele.
E agora as coisas chatas, afinal elas também me fortalecem...EU GRIPEI!!!!  Fiz quimioterapia (a 1sessão das 4 extras que devo fazer) na sexta feira e domingo estava de cama, incrivelmente cansada e com a garganta arranhando. Na terça, quando o meu João chegou, o nariz estava parecendo torneira com vazamento, a garganta já doía de verdade e até febre eu tive mas foi só uma febrícula (gosto dessa palavra, acho o som engraçado - risos). Com tudo isso, pela primeira vez tive uma "semana do vômito" (tradução: 7 dias que seguem a sessão da quimioterapia) realmente looooonga, com muito cansaço, perda de apetite (afinal sem olfato fica difícil querer comer), náuseas embora leves mas persistentes e muita "farta de suspiração", como dizem as pessoas amigas da dra. Sônia Cordovil sobre a falta de ar.
Agora o que mais anda me assombrando não é nenhuma sensação física ou mal estar corporal e sim ter que lidar com algo que eu estava guardando tão bem desde o começo de Maio desse ano: EXPECTATIVAS!!!! É...só ontem me peguei suspirando várias vezes de saudades da minha psí (minha psicóloga que está de honey mon) pois desde a última quimio e do encaminhamento para fazer o PET-CT eu recebi minhas "cartas da vez" e as expectativas se armaram dessas pré-instruções.
Aí veio o problema: ter ficado tão aliviada e tão feliz ao abrir aquele resultado de exame...hoje eu percebo que no fervor dos acontecimentos eu devia ter resistido e sinceramente não devia ter olhado o resultado do exame, pois inocentemente eu abri as portas para as expectativas saírem do baúzinho onde estavam guardadas. E agora está sendo muito doído guarda-las de volta, pois elas cresceram muito e estão cheias de energia como crianças quando acordam para ir a praia, depois de uma longa noite de sono. Cada vez que acalmo uma, outra se descabela, bate o pé e diz que não quer voltar, que não era esse o acordo.
É meus, caros...para os que estão convivendo mais de perto comigo no dia-a-dia fica mais fácil ver as olheiras mais escuras e os olhos com um pouco menos de brilho dessa pequena combatente esses dias. O coração inquieto e as lágrimas sempre prontas para rolarem por qualquer motivo. Estou sem graças e tenho momentos de quietude e abstração que sei lá...entende? (como já dizia o Patropí).
Foi engraçado observar de camarote como o meu cérebro foi rápido em armar essa confusão toda, muito ágil!!! E mesmo sem perceber o que estava acontecendo e, mesmo ficando feliz com o resultado do exame mas ainda com uma sensação de "pulga atrás da orelha" eu não quis enxergar o que se passava dentro do meu cérebro....minhas ondas cerebrais e meu sub-inconsciente (sei lá...vai saber) me passaram a perna. Logo eu, que achava que estava OTEEEEMA, que estava tudo sob controle e que, com louvor, eu estava contendo minha ansiedade enorme e estava conseguindo viver uma rodada de cada vez do jogo.
Entretanto, a rodada que era para ser a última, se transformou em penúltima ou ante-penúltima, já não sei dizer ao certo. E um banho gelado caiu sobre a minha pele me petreficando de cansaço e, por que não admitir, de tristeza. É!!! Eu fiquei triste sim...em todos esses meses não tinha me deixado sentir tristeza mas agora, tem momentos que ela é mais forte que eu; não por longo tempo pois não sou de sucumbir e não posso me dar ao desprazer de me render a ela tão no fim. Apenas estou tentando ser verdadeira comigo mesma e estou admitindo os meus sentimentos, sem medo e sem pressa além de estar me dando o direito de vive-los sem pânico.
Não estava nos planos das minhas expectativas fugidas do baú, ter mais 3 meses de tratamento, nem ter mais 4 sessões de quimioterapia (agulhas, laranjinhas, aquele cheiro, o inchaço e o mal estar), nem passar natal ainda nessa "lenga-lenga" e entrar 2012 ainda em tratamento. Ah, quando eu lembro que falava com tranquilidade, acalmando as pessoas: "vai ficar tudo bem, antes do natal já vai ter terminado" RISOS amarelíssimos...as coitadinhas das expectativas estavam acreditando em mim...e estão muito agitadas com as mudanças de planos, afinal, elas se comportaram tão bem, como combinado todos esses meses.
O que me resta a fazer é tentar acalma-las...assim como o guerreiro coração e, não desidratar de tanto lágrimas rolar....suportar o cansaço mental e empurrar com a barriga, mas sem perder o charme, até dia 30 de Dezembro, para então pensar na radioterapia.
Conto com a colaboração de todos vocês!!! Mas isso não significa que preciso ser consolada ou coisa assim, pois demorei vários dias pensando se escreveria sobre isso ou não afinal não gostaria de uma enxurrada de "não fique assim", "tudo vai passar", "são só uns meses a mais"...pois na relatividade do tempo de quem está doente e/ou em tratamento tudo é ainda mais complexo. Então apenas compartilho meus sentimentos do momento sem ansiar por lamúrias ou consolo.
A casa agradece a compreensão.

2 comentários:

  1. Meu bem, talvez as tentativas de consolo, com os "não se desespere, vai ficar tudo bem", sejam para acalmar o seu coração e dizer ao seu cérebro que você terá toda a força que precisa para lutar. E que essa força toda que você tem não é só sua, é de quem lhe ama e torce para que tudo fique realmente bem e você volte a dar aquelas gargalhadas lindas e ter o brilho de amor e alegria desse rosto tão bonito.
    Mel, venho lendo teu blog todo esse tempo, venho acompanhando toda a tua luta e a cada dia que passa te admiro mais como ser humano. E tenho um orgulho danado de saber que fazes parte da minha vida.
    Força, minha amiga. Às vezes a dor é tão grande que nos faz desacreditar, mas nunca balance, você mais do que ninguém aprendeu nas aulas da tia Paula: "caiu, levanta. Errou, tenta novamente, até ficar bom. Não diga que não pode. Não desista!"
    Bailarina sorri quando sente dor, lembra? O cérebro acredita no que a gente diz para ele. Então é preciso rir, se alegrar e realmente criar coragem para enfrentar tudo. Estarei do teu lado, sempre, torcendo e aplaudindo cada pirueta limpa. =)
    TE AMO, linda.

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